quarta-feira, 20 de novembro de 2019
Mudar de vida é...
terça-feira, 5 de novembro de 2019
Biografias cristãs são fontes de esperança
Viver sem esperança é sem graça; é uma desgraça. Não ter esperança para viver é viver uma vida morta e sem sentido; desgraçada, na verdade. Quando morre a esperança é difícil sobreviver. Daí a pergunta: onde você busca esperança para viver? Em quem, no quê ou como você busca esperança para viver?
Leia o que Paulo escreveu em Romanos 15.4: “Pois tudo quanto, outrora, foi escrito [as histórias do Antigo Testamento] para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”. Percebeu? Esperança é fruto da paciência e da consolação das Escrituras: paciência para esperar e suportar e consolação das Escrituras para crer e prosseguir. Paciência e consolação das Escrituras produzem e sustentam nossa esperança (cf. Rm 5.3). E de onde recebemos paciência e consolação das Escrituras? Do ensino que obtemos — pela fé, Gl 3.5 — das histórias registradas nas Escrituras.
O autor de Hebreus escreveu (12.1): “Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta”. Tendo descrito a jornada de homens e de mulheres de fé, “dos quais o mundo não era digno” (Hb 11.38), o autor sagrado fez sua aplicação dizendo que “a tão grande nuvem de testemunhas” que nos rodeia (Hb 12.1) serve para nos exortar a abandonar toda e qualquer coisa que esteja nos atrapalhando a correr a corrida da fé; serve para nos encorajar a correr “com perseverança, a carreira que nos está proposta”; serve para nos carregar de esperança para prosseguir.
Veja que o “peso” e o “pecado” que, respectivamente, nos embaraça (tornando-nos vagarosos) e “que tenazmente nos assedia” (impedindo-nos de correr), são fontes de falsa esperança que precisam ser descartadas; e no lugar delas devemos colocar o ensino das Escrituras, especialmente aquele tipo de ensino que nos aponta para “tão grande nuvem de testemunhas”. Em outras palavras: histórias de homens e de mulheres de fé nos exortam e nos encorajam e nos recarregam para prosseguir com fé, esperança e amor.
Noutro versículo, o autor de Hebreus recomendou (13.7): “Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram.” Não poderia ser mais claro. A Bíblia nos manda ler biografias cristãs: “Lembrai-vos [gr., imperativo] dos vossos guias… considerando atentamente [gr., particípio] o fim da sua vida, imitai [gr., imperativo] a fé que tiveram.” Deus planejou que biografias cristãs ou histórias de homens e de mulheres de fé gerassem em nós paciência e consolação o bastante para produzir e preservar em nós esperança. Funciona assim: enquanto pensamos e consideramos os exemplos de fé; enquanto nos apropriamos pela fé das promessas do evangelho ilustradas na vida das pessoas em tela, o Espírito nos fortalece (Gl 3.5) e nos faz correr com perseverança a carreira que nos está proposta (Hb 12.1).
Ainda em Hebreus, lemos o que segue: “Desejamos, porém, continue cada um de vós mostrando, até ao fim, a mesma diligência para a plena certeza da esperança; para que não vos torneis indolentes, mas imitadores daqueles que, pela fé e pela longanimidade, herdam as promessas” (Hb 6.11-12). Essa, pois, é a importância de biografias cristãs: elas são fonte de esperança. Jonathan Edwards, nesse mesmo espírito, escreveu que “existem duas maneiras de se representar e recomendar a verdadeira religião e a virtude ao homem — uma é mediante a doutrina e o preceito [teologia, apologética, etc.]; a outra é por instância e exemplo [biografias]. Ambas são abundantemente usadas nas Sagradas Escrituras.”
Foram dois os mestres que me ensinaram o valor de biografias para a vida cristã. O primeiro foi Martyn Lloyd-Jones, em Os Puritanos: suas origens e seus sucessores (editora PES). O segundo foi John Piper, em seus sermões biográficos disponíveis em desiringgod.org. Piper, escrevendo uma série de exortações a pastores, dedicou um capítulo inteiro de seu livro Irmãos, nós não somos profissionais (Vida Nova) ao tema em foco e exortou os irmãos a lerem biografias cristãs, dizendo que “sendo bem escolhida, a biografia cristã reúne todo tipo de coisas de que os pastores carecem, embora tenham tão pouco tempo para buscar. A boa biografia é história, e nos protege do esnobismo cronológico (como C. S. Lewis costumava definir); é teologia — e das mais poderosas — pois emerge da vida das pessoas; é aventura e suspense, algo de que temos fome natural; e é ainda psicologia e experiência pessoal que aprofunda a compreensão da natureza humana. Boas biografias sobre os cristãos de maior relevância promovem crescimento notavelmente eficaz.”
Biografias cristãs são sim um enorme presente de Deus para os peregrinos cansados e sobrecarregados na jornada pelo caminho apertado que conduz para a vida; e como são poucos os que acertam com ela, fará você muito bem se buscar a companhia daqueles que, pela fé e pela longanimidade, herdam as promessas. Portanto, tire vantagem desse bálsamo espiritual. Prove desse mel de sabores tão diversificados quanto são diversas as vidas que compõem a tão grande nuvem de testemunhas que temos a nos rodear. Leia biografias cristãs. Faça delas uma fonte de esperança para prosseguir.
Aos iniciantes, apresento, a seguir, uma lista de algumas biografias que julgo importantes (graças a Deus, já em português):
- Peter Brown, Santo Agostinho: uma biografia (Record)
- Roland H. Bainton, Cativo à Palavra: a vida de Martinho Lutero (Vida Nova)
- Ruth A. Tucker, A primeira-dama da Reforma: a extraordinária vida de Catarina von Bora (Thomas Nelson)
- Alister McGrath, A vida de João Calvino (Cultura Cristã)
- John Bunyan, Graça abundante ao principal dos pecadores: uma autobiografia de John Bunyan (Fiel)
- Iain H. Murray, Jonathan Edwards: uma nova biografia (PES)
- Jonathan Edwards, A vida de David Brainerd (PES)
- Arnold A. Dallimore, Spurgeon: uma nova biografia (PES)
- Iain H. Murray, O Spurgeon que foi esquecido (PES)
- Eric Metaxas, Bonhoeffer: pastor, mártir, profeta, espião (Mundo Cristão)
Além, é claro, da série completa, editada por Steven J. Lawson, um perfil de homens piedosos, publicada pela editora Fiel, e que traz a vida de grandes homens de fé do passado, tais quais: Calvino, Edwards, Tyndale, Spurgeon, Watts, Whitefield, Knox, Lutero e Lloyd-Jones.
Boa leitura!