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sábado, 26 de outubro de 2019

Um coração aflito

 O apelo de Jesus Cristo sempre foi ao homem simples perturbado em sua consciência. Ele trazia uma consciência pesada e lacerada a Cristo. A consciência sabia que Cristo havia ressuscitado e aparecido a Pedro e a 500 irmãos de uma só vez, e que Deus o havia aprovado, confirmado, validado, marcado, selado o provado como seu Cristo. Todos os tipos de pessoas se convertem, não por terem a habilidade de pesar provas. Se a salvação dependesse da minha capacidade de saber se algo é verdadeiro ou não, ou da minha capacidade de saber, como uma corte legal, se algo testifica ou não a verdade, então, claro, só advogados e pessoas treinadas na área jurídica teriam alguma possibilidade de salvação. Mas essa verdade de Cristo ressuscitando dentre os mortos sobrepuja todo raciocínio humano, eleva-se acima dele e segue direto para a consciência de cada pessoa, de modo que, assim que uma mensagem é pregada, todos podem saber de imediato. Eles não precisam perguntar. Aliás, é uma afronta perguntar. Jesus Cristo ressuscitou e apareceu aos discípulos. Deus confirmou sua ressurreição, enviou o Espírito Santo e agora o próprio Deus Altíssimo, criador do céu e da terra, já anunciou o veredito. Deus enviou seu Espírito para trazer o veredito à consciência do homem. De acordo com o testemunho em Atos 2.37, o resultado da pregação de Pedro foi que os homens "compungiram-se em seu coração" (Almeida Revista e Corrigida). 
A palavra "compungir" aqui significa simplesmente "levemente perfurado". Levemente perfurado, mas também tão fundo que a palavra grega original trazia um prefixo restritivo e intensivo. Quando as Escrituras dizem que perfuraram o lado de Jesus com a lança e descobriram que ele já estava morto (v. João 19.34), o termo "perfurar" é traduzido de uma única palavra. A palavra original empregada em Atos traz um prefixo restritivo e intensivo, indicando que as palavras de Pedro entraram mais fundo no coração dos ouvintes que a lança do soldado no lado de Jesus. Assim, o Espírito Santo levou a ponta da lança da verdade ao coração das pessoas, e elas clamaram: "Que faremos?" (Atos 2.37). Pedro teve uma resposta imediata para eles (v. 38): "Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos seus pecados, e receberão o dom do Espírito Santo". Pedro estava dizendo: "Vocês devem crer no Senhor Jesus Cristo e depois provar que creram identificando-se com ele no batismo." Vocês devem identificar-se com ele no batismo e mostrar para o mundo que creem nesse Único que foi ressuscitado dentre os mortos". As pessoas receberam sua palavra com alegria e foram batizadas; e naquele mesmo dia cerca de 3 mil foram acrescidos à igreja (v. Atos 2.41). Fatos e razão não conseguem esse efeito. Eu poderia discutir com alguém, argumentar com ele, pregar para ele e, se fosse capaz de fazê-lo com a oratória de Cícero ou Demóstenes, quando terminasse tudo, só poderia convencer a mente dele. A nossa consciência pode ser despertada pela presença de Jesus que saiu do túmulo. Alguns foram levados a acreditar que foi a vida de Jesus que nos salvou. Não, ele teve de morrer. Alguns dizem que na morte de Jesus fomos salvos. Não, ele precisava ressuscitar. Todos os três atos precisavam estar presentes antes que pudéssemos realmente dizer que temos um Salvador em quem confiamos. Ele precisou viver entre os homens, santo e inocente, sem manchas nem defeitos. Teve de morrer pelos homens e depois ressuscitar no terceiro dia, de acordo com as Escrituras. Ele realizou os três. O que o Espírito de Deus leva ao coração, o Espírito Santo crava na nossa consciência, e não conseguimos fugir até fazermos alguma coisa a respeito de Jesus.

QUAL É O PREÇO? 

O segundo fator a tratar é o preço da vida crucificada. Sim, Jesus pagou pela nossa salvação, mas ainda há um preço que cada um deve pagar. A vida cristã não é uma viagem grátis. O "fazer" como condição Que faremos? Pedro nunca teve medo da palavra "fazer". Alguns nos círculos evangélicos a temem. Simplesmente inferem que é uma palavra inadequada. Mas Pedro não a temia, porque não se trata do "fazer" do mérito — é o "fazer" da condição. O que devo fazer para que possa receber os benefícios do Senhor Jesus Cristo na minha vida? Pedro disse: "Creia no Senhor Jesus Cristo e identifique-se com ele pelo batismo". Isso é o que devemos fazer. Esse é o significado da Páscoa, e dele você não consegue fugir. Podemos simplesmente celebrá-la uma vez por ano, mas ela nos ronda o ano inteiro; e, se na providência de Deus você vier a morrer este ano, ela vai rondá-lo até a sepultura e por toda a eternidade. Pois Deus deu seu filho, Jesus Cristo, ao mundo e disse: "Creiam no meu Filho": "[...] para que todo o que nele crer não pereça [...) mas quem não crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus" (João 3.16-18). Esse é o "fazer" da condição. Se Cristo está vivo, você precisa fazer algo em relação a ele. Se Cristo está vivo, ele ficará em sua consciência até que você faça algo a respeito. E a prova de que ele está vivo é a descida do Espírito Santo para levar as provas diretamente à consciência do homem.

Uma consciência cravada 

Graças a Deus, Cristo vive. Graças a Deus, a luta acabou. Graças a Deus, a batalha foi ganha e a vitória da vida é nossa. No entanto, até você fazer algo, isso permanece na sua consciência e ali permanecerá até se passarem os séculos. Ele está na consciência de milhões que nada fazem a respeito e tentam viver uma vida crucificada sem encará-la. Os outros podem tentar, mas eu não consigo. Cristo morreu por mim. Ele levou os meus pecados. Deus o ressuscitou dentre os mortos e enviou o Espírito Santo para dizer: "Este é o meu Filho [...] Ouçam-no!" (Mateus 17.5). Assim, preciso escutar, ouvir, identificar, admitir, seguir, devotar-me, dedicar-me. Preciso seguir o Cordeiro por onde ele for. Ele fica na minha consciência até eu fazer alguma coisa. A minha consciência está cravada no fato de que ele se levantou em triunfo na ressurreição e na confirmação da graça salvadora para toda a raça humana. O cristianismo repousa sobre um fundamento: Jesus Cristo. Antes que alguém possa compreender a profundidade da experiência cristã e a dinâmica da vida crucificada, é preciso estabelecer esse fundamento. Nenhum prédio pode exceder a capacidade de seus alicerces. Quanto mais importante o prédio, mais importantes seus fundamentos. A pergunta correta a fazer é simplesmente: "Quem é Jesus Cristo?". E logo depois: "O que farei com ele?".

A. W. Tozer 

Por

           Carlos Ribeiro da tbs... 

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