Não é possível ler o livro de Daniel de sua metade para o fim, e, com certeza pensar que se sabe alguma coisa do que ali está dito, exceto em algumas seqüências históricas que vão de Nabucodonozor a César com razoável clareza [cap. 8-11].
Entretanto, as profecias cujas descrições açambarcam fatos históricos conhecidos por nós, e, portanto, passados e cumpridos, são ainda inferiores na estupefação que nos causam em nós do que aqueles elementos na profecia que se expressam em códigos que o próprio profeta desconhece e ignora até morrer.
Leia o capitulo 12 de Daniel que segue transcrito, e, depois, diga-me o que entendeu além do que não entendeu.
1
E NAQUELE tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro.
2
E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.
3
Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas sempre e eternamente.
4
E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará.
5
Então eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé outros dois, um deste lado, à beira do rio, e o outro do outro lado, à beira do rio.
6
E ele disse ao homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio: Quando será o fim destas maravilhas?
7
E ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, o qual levantou ao céu a sua mão direita e a sua mão esquerda, e jurou por aquele que vive eternamente que isso seria para um tempo, tempos e metade do tempo, e quando tiverem acabado de espalhar o poder do povo santo, todas estas coisas serão cumpridas.
8
Eu, pois, ouvi, mas não entendi; por isso eu disse: Senhor meu, qual será o fim destas coisas?
9
E ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim.
10
Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão.
11
E desde o tempo em que o sacrifício contínuo for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias.
12
Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias.
13
Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te levantarás na tua herança, no fim dos dias.
A cena é clara. O rio Quebar e Daniel são os entes objetivos; ou seja: visíveis a terceiros que estivessem presentes no lugar. Há, porém, nas visões de Daniel, outros três entes manifestos na cena. Um ser com aparência de homem no meio do rio, e outros dois, um de cada lado do rio.
Ante o que fora declarado um dos que estavam nas margens do rio pergunta ao que estava sobre as águas: Quando será o fim destas maravilhas?
A ele foi respondido pelo ser que estava sobre as águas que isso seria para um tempo, tempos e metade do tempo, e que quando tivessem acabado de espalhar o poder do povo santo, todas estas coisas serão cumpridas.
Para o ser semelhante a homem aquilo era uma maravilha, embora ele não conhecesse o tempo do fim de tudo aquilo. E como resposta à sua pergunta, ouve que será depois de um tempo, tempos e metade de um tempo, e uma referencia histórica relacionada ao povo santo, alusão que sempre foi remetida para Israel, embora não se saiba nada com certeza.
Entretanto, para esse ser postado ao lado do rio, a resposta foi satisfatória. Se ele entendeu ou não, ninguém sabe; porém, pode-se saber que ele ficou satisfeito. De fato deve ter entendido até onde fosse possível entender. Era conversa de anjo e em códigos de anjos: uma língua que poucos conheceram e entenderam.
O que não se pode negar é que há alusões nas Escrituras a tempo e medida tanto de homens como de anjos. Paulo, todavia, rir-se-ia ao saber que sua declaração sobre línguas de anjos veio ser transformada pelos poetas apenas em poesia que nada diz além do que se nega que esteja dito.
Daniel, no entanto, não entendeu nada do que foi falado nessa etapa da conversa revelação. Por isso insistiu perguntando após o silencio do anjo satisfeito: Senhor meu, qual será o fim destas coisas?
A resposta que veio daquele que estava sobre as águas do rio foi um despacho de soberania que apenas afirma que o que fora dito estava ainda para além da capacidade de compreensão do profeta, e que para ele o que importava era entregar a mensagem certa, e não se preocupar com a interpretação: Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim.
Afinal, o que poderia Daniel saber sobre a diferença entre os 1290 dias e os 1395 dias citados pelo ser postado sobre as águas?
Sim! Pois se um tempo, dois tempos e metade de um tempo satisfaz a anjos, nada diz a homens, assim como 1290 dias que em mil duzentos e noventa dias não realizam o que estava prometido, nada dizem aos homens, senão que assim como esse tempo tem uma medida que não é de homem, dia também tem a sua — e que também não é medida de dia de homem.
Portanto, não se tratava de tempo e de dia conforme os tempos e dias dos homens; pois, se assim fosse, Daniel estaria diante de uma obviedade, e não de um mistério, de um conhecimento selado.
Até ao dia de hoje não vi um único ser humano que tenha supostamente interpretado e dês-selado tais palavras, aparecer depois para reconhecer que errou, significando dizer que nunca vi ninguém acertar na interpretação.
Jesus fez menção ao livro do profeta Daniel e, nele, ao abominável da desolação, cujo personagem assentar-se-ia no lugar santo, o que Antioco Epifânio [Seleucida] realizou como curta-metragem do filme profético maior que está ainda para ser apresentado ao público universal.
Os discípulos de Jesus ao ouvirem algo de semelhante natureza profético-escatológica também quiseram saber quando seria o fim de todas aquelas coisas. Jesus, porém, disse a eles o mesmo que o ser sobre as águas do rio dissera a Daniel: Não vos compete conhecer tempos e épocas que o Pai reservou para Sua exclusiva autoridade, mas recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo e sereis minhas testemunhas...
Não há qualquer estimulo da parte de Jesus para que se faça a vida voltar para a obsessão com tempos, eras ou códigos.
Isto porque a promessa do ser sobre as águas do rio era que chegando o tempo, o entendimento dos entendidos se abriria para a compreensão do que antes parecia impenetrável.
Assim, cada tempo trás a sua revelação, pois, a revelação espera até que o tempo dês-sele a profecia.
Ora, Deus assim fez para que todo homem apenas viva pela fé.
Nele,
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
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