"Sou, com efeito, como quem não ouve e em cujos lábios não há réplica. Pois em ti, Senhor, espero; tu me atenderás, Senhor, Deus meu." (Salmo 38.14).
Neste versículo, o salmista fala de um exercício difícil de ser praticado em dias de angústia: a abstinência da réplica.
Quando estamos passando por dias assim, temos vontade de querer justificar nossos erros ou lamentar pelos erros de outros que nos prejudicam. Normalmente, em razão desta postura, temos a tendência de nos tornar amargos e de entrar em uma situação que aumenta nossa angústia, pois, independentemente dos erros cometidos por nós ou por outros no passado, não podemos voltar no tempo e alterá-lo.
Essas palavras de Davi devem ser entendidas à luz dos versos anteriores. Ele fala de sua angústia de alma desde o começo do salmo, reconhecendo não só seu pecado, mas também a solidão nos momentos mais difíceis de sua vida: "Os meus amigos e companheiros afastam-se da minha praga, e os meus parentes ficam de longe (v. 11). Na verdade, todos nós podemos passar por esta experiência difícil: nossos amigos, companheiros e parentes são as pessoas mais próximas, e são usadas mais intensamente para confortar nosso coração. Entretanto, quando passamos por dias de angústia, sentimo-nos desamparados por eles, e isso agrava mais ainda nosso sentimento de abandono.
Ao mesmo tempo em que os amigos se afastam, os "inimigos" se aproximam com a finalidade de tirar algum proveito da situação (v. 12). E nessa hora que temos a tendência de apresentar réplica, tanto para os amigos como para os inimigos. E aqui aprendemos a forma correta de agir: não dando ouvidos aos boatos e comentários, nem tentando justificar nossa situação. Alguém já disse que, em meio a trovões e relâmpagos, o mais sensato é ficar quieto e calado a fim de discernir a voz de Deus no meio dos trovões. Na linguagem de Jeremias, "bom é aguardar a salvação do Senhor, e isso, em silêncio" (Lamentações 3.26). Esse exercício serve para que nos humilhemos na presença de Deus e, ao mesmo tempo, mantenhamos nosso foco na solução, e não nos problemas.
Precisamos, nesses momentos, de forma mais enfática, seguir o exemplo de Jesus, "pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente" (1Pedro 2.23) e "a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo... e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente." (Filipenses 2.7,8).
Certamente essa atitude não é fácil de ser praticada, mas considere esses momentos de angústia como uma oportunidade única para humilhar-se na presença de seu Senhor e aumentar sua intimidade com ele. O deserto não precisa ser um lugar de desespero, mas pode ser um excelente lugar para aumentar nossa dependência de Deus.
TBS...
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